05 agosto 2019

Eu nunca me senti como estou me sentindo agora, aquecida num dia de extremo frio. Apesar de eu amar os dias de inverno, frios como devem ser, aprecio a forma como pensar em você aquece meu coração e meu corpo. Nos conhecemos de forma tão relativamente superficial um dia, dentro de um aplicativo. Lembro de ter gostado da sua foto com avental de cozinheiro e depois ter descoberto que você fazia bolos e docinhos aclamadíssimos por seus colegas e amigos. Lembro de conversar com você por dias e horas seguidas sem o risco de acabar o assunto, que sempre foi infinito. Nos encontramos, nos conhecemos no raso de um lago bobo e resplandecente numa praça, aquela que lembramos até hoje. Onde lembro de ter tocado seus cabelos macios e de ter recebido um chocolate, que pela doçura da atitude foi um dos mais deliciosos que já provei. Lembro de tê-lo colocado na bolsa e degustado durante a semana naquele escritório que já estava farta de frequentar. Continuamos nos falando e de repente eu estava em outro estado conhecendo outra pessoa. Pessoa com quem me relacionei e tive um relacionamento digno de conto de fadas. Me distanciei, tanto física quanto emocionalmente. E dentro deste espaço proporcional ao que havíamos brevemente construído, escrevi outras histórias. Fui ao outro lado do oceano, sorvei toda a intensidade do relacionamento em que me encontrava, aprendi e cresci um bocado. Quando esta breve história terminou, não titubeei em voltar a pensar em você, que na verdade nunca saiu da minha memória, conservada docemente. Assim que voltei às nossas terras, você estava justamente em outra. Tudo bem, estava tudo bem, nossa amizade constante, distante e respeitosa manteve tudo sempre na normalidade. Até que um dia, dentro do relacionamento iniciado tão errado, eu estava em uma lacuna de tempo escolhida por outrem. Você estava em uma lacuna de liberdade limitante aos teus sentimentos também delimitada por outrem. Nos tocamos novamente, com uma pitada de saudade e outra de intensidade deliciosamente aproveitada. E novamente me recordo de um chocolate que você me deu, pouco antes ou depois do Natal, não me recordo ao certo, mas tão doce quanto o primeiro.  Depois disso eu vivi traumas. Até mesmo por ter sido sincera a respeito de ter estado com você. Nós, naquele dia que me rendeu bons minutos de lembranças que duraram meses, fomos transparentes e inflamáveis como a brasa. Eu, dentro de um relacionamento que mal escolhi, ou escolhi mal, não importa, tentei defender a continuidade do contato com você. No entanto isto feria os sentimentos do então companheiro de vida. Tudo bem, você sempre foi gentil ao entender. Ouvi teu nome tantas vezes da boca dele, transbordando de ciúmes. Mesmo que eu, como sempre sou, fosse a mais fiel das namoradas. Mesmo que eu, reconhecendo a pessoa linda que és, quisesse manter nossa linha de contato apenas na amizade. Coisa que soubemos muito bem como manter. Passei os dois últimos anos sendo diminuída, coisa que sei que não é da tua conta. Sendo agredida de formas muito sutis, sendo persuadida a duvidar de minha própria capacidade e sanidade. Tendo que justificar cada sorriso, ou lágrima não direcionada ao homem que havia até então escolhido. Quando recebia os melhores reconhecimentos, eu era massivamente questionada, direcionada a pensar que somente ao lado desta pessoa eu seria capaz de algo, ainda que em sua sombra. E eu sei que nada disto é da sua conta. Mas também sei que você me perguntou brevemente em um momento nos últimos dias. E ansiosamente me ouviu e eu ouvi ansiosamente tua história com outra pessoa que também não te fez todo o bem. E te vejo como essas pessoas que só são capazes de fazer o bem. E que também somente o merecem. Resumi aqui, a minha história confusa e fatídica do que se atravessou entre nossa linha tão bem cuidada de conversas diversificadas e desejo genuíno do bem na vida do outro. Eu nunca senti que você deixou de fazer parte da minha vida, ainda que nossa parcela compartilhada fosse variavelmente aumentada ou diminuída. 
O que quero dizer, dentre tantas declarações que tenho pressa que você saiba, é que você é um belo de um sopro leve e carinhoso só quando penso na sua existência. Que parece demasiadamente que eu vacilei em reconhecer a tua magnitude. Não estou te endeusando, leonino, estou apenas reconhecendo a presença curiosamente constante que você tem e que faço questão que tenha na minha vida. Eu sei que nossos signos não são compatíveis, segundo nosso mapa astral, que por sinal, por bobeira, já chequei. Mas quem vai negar que somos bons à beça na matéria de conversar infinito e afagar até cansar? Que as estrelas e astros estejam na posição que for, desde que nos iluminem. O que quero dizer também, é que te reconhecer é um dos fragmentos do meu autoconhecimento. Nestes últimos meses, fora o tanto de tempo que passei sozinha, eu fui capaz de me curar e amar de um jeito que eu nem imaginava ser capaz. Como eu te disse, esses dias, estou vivendo um momento delicioso. Queria dizer que tua pessoa me faz sentir umas coisas esquisitíssimas que nunca senti. Uma ansiedade, uma espera pela próxima palavra, pela tua opinião, por tuas fotos apoiando teu lindo rosto na mão. Eu sei que daqui alguns meses você pode estar em outro continente, um país maravilhoso, em uma oportunidade incomparável, e isto me faz muito feliz. Depois de tanto acreditar, apreciar a liberdade e aprender a valorizá-la com minhas vivências, ela fica ainda mais linda dançando na vida de quem eu gosto. Fica aí uma deixa bem óbvia, eu te gosto. Quero dizer que pensar em você, e insistir, e te mandar tantas mensagens com coisas que eu acho que vai gostar de ver, é uma bela demonstração de que te aprecio, por si só, pelo caminho que é só teu, pela sintonia que é só nossa, pelas curvas que podem existir, pela cor que pensar em você trouxe para os meus dias que afortunadamente já estavam bem coloridos. 
E ainda tem o fato de que você sempre despertou em mim uma curiosidade que sinto que só seria liquidada dentro de boas horas a sós. Tua delicadeza, mistério e intensidade, somadas ao meu mistério, intensidade e carinho, parecem dar resultados tentadores dos quais já provamos um pouco. Ainda sinto que temos espaço para mais. Além de nossa deliciosa intimidade de conversas sem fim, há faíscas inegáveis que surgem quando há pele com pele. Tenho o ímpeto de provar cada pedacinho disso.
Isto pouco tudo muito que escrevi, foi um desabafo. Sinceramente não faço ideia de quando vai ler ou se vai ler algum dia. Não é uma declaração de amor, intimidadora. É poesia rotineira dentro desse cotidiano pacífico e empolgante que é pensar em você. 

12 abril 2017

Eu não posso dizer que está sendo fácil e que não está doendo. Estou sentindo uma dor quase insuportável, meu coração queima a cada lembrança que me vem à mente. A cada momento em que relembro e sinto novamente o quanto eu te amei. Em cada momento que olhei nos seus olhos castanhos e me aconcheguei no teu corpo como se fosse meu lar. Em cada momento em que não havia barreira alguma entre nós e éramos só eu e você. Em todos os lugares que passamos andando de mãos dadas ou abraçados e eu me sentia segura como nunca antes. Este não foi um relacionamento desgastado pelo tempo, ou que um dos dois fez algo de mau. Muito pelo contrário, foi bom e puro do início ao fim, foi intenso e sereno e tinha um mar de sonhos pela frente. Olhando nossas fotos agora percebi o quanto corrói minha alma saber que não te verei novamente, que as juras de amor que te fiz foram apagadas por minhas próprias escolhas. São dois dias em que a noite chega e a solidão me visita com o eco do silencio outrora preenchido por nossas conversas. São dias que não como direito, que choro mais do que imaginava que choraria, que o mundo perdeu um pouco das cores que você havia trazido. Dias inventando desculpas para não pensar, preenchendo meu pensamento com esperanças vazias para não lembrar de você. Sei que você vai seguir sua vida, sei e espero que encontre alguém que mereça tudo o que você tem a oferecer, alguém que queira viver os mesmos sonhos que você. Sei que um dia tudo o que vivemos se tornará uma lembrança bonita para nós dois. Uma lembrança de tudo o que foi e de tudo o que poderia ter sido. E essa última é a que mais me machuca agora. Mas como eu poderia te oferecer mais? Eu sei que o tudo que dei de mim ainda era pouco. Por que nossos destinos tinham que ser tão diferentes? Eu sei que o destino se encarregou de nos unir um dia, no entanto foram minhas escolhas que nos levaram à este ponto, o ponto final. Eu seguirei aqui, do outro lado do mundo, quiçá em algum outro canto, fazendo o que amo longe de quem mais amei. 

10 outubro 2016

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Domingo à noite. Novamente. Provando nas horas mais doloridas da semana que estou preso no ciclo sufocante da rotina. Amanhã é segunda-feira. Novamente. Um dia que virá frio e nublado, mesmo se tiver sol. Um dia que chega aos berros, depois de ter sussurrado um fim de semana inteiro. Um dia que vem trazendo esperanças de que a semana acabe e o peso sufocante de uma semana que apenas começou.  Os dias enclausurados são previsíveis. Acordarei no começo do dia apenas pensando em seu fim, beberei café com um desejo sutil de que de alguma forma me forneça uma energia que desconheço. Começarei a exercer meu papel, mecanicamente, e serão horas preenchidas de um vazio fantasiado de produtividade. Passarei os minutos esperando pelo próximo intervalo, as horas esperando pelo fim do dia e os dias esperando pelo fim da semana. Funcionando como uma engrenagem pela inércia da máquina. Percorrerei os mesmos caminhos, as mesmas ruas, beberei do mesmo café. Enfrentarei os mesmos problemas. Chegarei ao fim de cada dia com um alívio por tudo ter acabado. Terei medo de dormir para acordar e viver o pesadelo lúcido da autonegação. Eu farei a máquina funcionar, eu estudarei a máquina, eu me tornei a máquina. Minha vida se tornou uma tediosa espera pelos fins. A máquina é uma zona de conforto e estou inegavelmente desconfortável. Este desconforto está me expelindo para fora do funcionamento mecânico das peças. Enquanto eu, inerte e confortável, remava a favor da correnteza, acreditava em ganância, em carreira, em bens, em traduzir-me pelos papéis. Eu acreditava em papéis. Uma exatidão que esconde o abstrato vivo do ser. Mitos da sociedade líquida. Hoje eu, afogado pela correnteza percebo que todos os rios levam ao mesmo mar de satisfação ilusória e artificial. É um mar morto, aonde só sobrevivem os sonhos artificiais que vieram junto à correnteza. Percebo que só preciso de um lago tranquilo de paz de espírito e simplicidade. Quando lembro das vezes em que me senti vivo, não lembro de nada que custasse caro ou um centavo qualquer. Eu lembro do vento cortando meu rosto no topo de uma montanha, lembro do toque gelado dos flocos de neve pela primeira vez em meu rosto, da água do mar brincando com a chuva em um verão abafado. Compreendo, frustrado, que o acesso à coisas tão naturais quanto o próprio ser humano custam. Custam horas, custam vida. Entendo, insatisfeito, que construímos um sistema tão eficaz quanto destruidor, de traduções numéricas, baseadas em papéis, plásticos e títulos. E se para viver pagamos com nossa vida, ainda que traduzida, que encontremos na essência individual de cada um uma forma de tornar este processo valioso pelo que vale. Que vivamos por um propósito, que seja verdadeiro à alma de cada um, que preencha os dias e horas para que não nos tornemos vazios de nós mesmos. Que não vivamos pela espera dos fins e sim em busca de recomeços até estarmos confortáveis em nós mesmos. Estou enlouquecendo paro o mundo e cada vez mais lúcido para mim mesmo.




02 outubro 2016


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Você foi o sol dos meus dias ensolarados. Foi um sol que tomei no primeiro dia de praia, que sedenta por conhece-la, não tomei qualquer precaução. Você foi o sol que me queimou. E hoje vivo em dias nublados, com aquela sensação que se tem em outonos chuvosos, a sensação de que talvez amanhã faça um dia ensolarado. Mas depois que você se queima uma vez, não se expõe ao calor iluminado do sol da mesma forma, você se esconde dele. Você brinca de se esconder, você procura pela sombra e pelo sol na mesma frequência. Chega um momento em um outono chuvoso, mesmo no meio da correnteza feroz do cotidiano, que você deseja em um lampejo, em um rápido segundo em meio à um trânsito massacrante, que faça um dia de sol. E com este desejo tão simplista e intrínseco, você se ilude com qualquer raio de sol em meio à inúmeras nuvens frias. Aquele raio de sol, de repente iluminando tudo de um jeito tão diferente, trazendo uma realidade nítida e quente, parece que vai durar um dia inteiro. Em meio à um dia nublado, são como refrigério para uma alma cansada. Esses raios de sol em dias nublados se multiplicam, iludem pobres almas trêmulas de frio. Mas duram pouco. Não deixam saudade, pois o que deixa saudade mesmo são dias de sol. O que deixa saudade são as descobertas feitas no primeiro dia de praia, no primeiro dia de sol e praia de um dia de verão. A vida depois disso se torna um eterno outono inverno nublado e chuvoso. Um eterno conta gotas de raios de sol. Se por um acaso o verão chega com seus dias de sol ardente, você brinca de se queimar e logo procura a primeira sombra pra se esconder. 

03 julho 2016

 Você ainda habita aqui, silenciosamente. Parece praga, está em lugares demais, em pessoas demais. Eu não lembro dos momentos em si, você apenas está lá, em lugares que eu não gostaria que estivesse. Você está nas pessoas que vejo na rua, aonde por alguns segundos tornam-se vultos seus e logo você desaparece. Isso acontece com uma frequência que já faz parte do meu cotidiano, já sei que você vai aparecer por alguns instantes ao longo do dia em algum rosto, em algum jeito de andar parecido com o seu. Não é saudade, não é amor, não é rancor. Não é nada, é a sombra do nada em que nos tornamos e de tudo que já fomos. É irracional e incontrolável. Você está nas bandas que escutávamos, como esta que estou ouvindo agora. Sua presença foi tão profunda, que você se impregnou em ritmos, em cheiros, num jeito de respirar que você tinha quando eu te abraçava. O problema é que você esteve lá enquanto eu deveria estar resolvendo as coisas sozinha. Você era minha saída, você despertou em mim os sentimentos que eu sei que não sentirei por mais ninguém, pois afinal, quem se apaixona pela primeira vez mais de uma vez na vida?
 Você esteve lá enquanto eu crescia, enquanto eu me tornava mulher. Você esteve lá no primeiro beijo, no primeiro toque, no primeiro amor. Você esteve lá em tantas lágrimas que eu derramava sobre seus ombros, em tantas lições de história que você me ensinou. Você está aqui, quando lembro desas lições. Nós nos moldamos juntos, você sabe disso. Aprendemos a viver e a gostar das coisas juntos.  Nos ensinávamos como ser gente ao mesmo tempo. Éramos tudo um para o outro. Por isto sua sombra ficou aqui.
 Por isto ainda penso aonde você estaria agora, num sábado à noite. Penso se está feliz com seu novo amor, se vocês têm discussões parecidas com as que tínhamos por conta desse seu gênio difícil.  Penso em quem se tornou, se realizou teus sonhos, se amadureceu. Se têm aprendido tanto com a vida quanto eu. Se têm sofrido, se tem sorrido ou se ainda preserva qualquer jeito teu daqueles que eu conheci na nossa infância. Eu penso também em tudo o que sem você e nem eu querer, eu acabei aprendendo. Em todos os meus erros, em como ser gente. Aprendi também que sentimento não basta. Sentimento não esconde mentiras, não transforma as loucuras de outrem em algo suportável. Sentimento às vezes parece existir para nos ver torturados. Eu penso em como de uma forma um pouco ácida eu sou grata à você e a nós dois por ser quem eu sou hoje. 
 O teu vulto que vejo em meio a qualquer dia, atribulado ou não, só mostra o quando eu reconheço um pouco de você em mim. Mostra como em mim há uma vontade velada de que você veja que tua menina cresceu, que chegou muito mais longe do que sequer ela poderia imaginar.
 É engraçado, como em tantos espectros você se infiltra. Eu tentei negar e ainda tento. Mas você faz parte da minha história e eu da tua. A gente sabe que carrega um pouco do outro aonde quer que vá. 

09 maio 2016

Fugindo da Rotina

Estou voltando. Voltando para mim mesmo. Voltando a saborear o que sempre gostei. O bom vinho e os sonhos lúcidos. Sempre com um pé no chão e outro quase no céu, sonhando alto e acordado. Sendo bombardeado pela rotina e consolado pela imaginação. 
A liberdade me seduz. A solidão pode ser o preço a ser pago pelo encontro de si mesmo. Esta sede incessante é ameaçadora. Será que algum dia estarei razoavelmente satisfeito? 
Minha loucura é sanada por pequenas rebeldias. Pelo sono atrasado, pela resistência ao relógio, pelo devaneio em meio à agenda. Pela vigília num domingo de madrugada, aonde ninguém me vê e posso divagar em paz. 

08 maio 2016

Rotina

A vida tem sido um incessante processo de descoberta. Nos últimos meses descobri o que não quero, mas ainda não sei o que quero. Eu queria poder pular o tempo, chegar na parte em que tudo deu certo e, principalmente, fez sentido. Sinto uma necessidade de viver minha vida, ter meu tempo, minhas escolhas e minha casa. Mas ao mesmo tempo a responsabilidade por tudo o que tenho aqui. Preciso escrever sobre isso. Preciso me encontrar, voltar a ser quem eu sou aqui dentro, deixar minha essência florescer. Esquecer meus medos, minhas limitações. Cansei, cansei da burocracia, dos papéis, do dinheiro,  da mesa, do computador, do café amargo da tarde atribulada, do relógio, do meu papel. Cansei das expectativas, do jeito que as coisas são. Das cordas que me amarram, das coisas. Eu queria pular de fase, ir para a minha viagem, pro ano que passarei sozinha, pra me encontrar de uma vez. Pra atravessar essa passagem. Queria estar lá, longe de tudo, das minhas coisas, do meu carro, do trabalho que tenho, dos meus papéis, Numa casa desconhecida, num quarto alugado, numa cidade grande e estranha, com gente que não conheço e que não me conhece, no metrô, indo pra uma aula que provavelmente não vou gostar mas em uma vida que vou gostar. Com um café quente na mão, com uma saudade apertada do que importa, das pessoas, do que elas são, não do que existe mas de quem existe, de quem faz parte do que eu sou. Hoje é domingo, agora é noite. Este é o pior dia, a pior hora da semana. A segunda-feira e todos os outros dias encarrilhados de responsabilidades e compromissos me assombram, sussurram ao meu ouvido. Me lembram de tudo o que não gosto, de tudo o que não quero mais ver. Me lembram de como eu não sei dizer não, de dizer que não gosto e que não quero. Eu não sei. Eu admito, tenho sido incapaz de muitas coisas. Não tenho energia para lidar com tudo, estou sempre cansada. Estou cansada hoje, agora, depois de descansar um dia inteiro. Eu sei que poderia olhar para o lado positivo de tudo, mas eu já fiz muito isso e estou cansada, de mentir pra mim. Prefiro, neste momento, dizer tudo o que não queria dizer, ser verdadeira comigo. Prefiro estar escrevendo, que a tempos não fazia, preferiria estar desenhando, cozinhando, colorindo, aprendendo, vendo o abstrato, um abstrato, algo belo. Humano. Traduzir a aflição em palavras já é algo, já alivia em um domingo a noite. Mas amanhã a rotina chega, real e fria. Vai valer a pena, tem valido, já valeu a pena envelhecer uns cinco anos dentro de um só. Mas já valeu, e valerá por mais alguns meses até que eu possa, além de me dizer a verdade, viver verdadeiramente o que eu sinto. 
Este texto sincero, sem imagem, sem história, sem graça, cheio de palavras desconexas e ideias confusas e cansativas, talvez exageradas, é apenas reflexo do que está aqui dentro.

05 março 2013

Pequeno devaneio do dia-a-dia

A vida faz você deslizar e perder o rumo. Te dá sensações, certezas e incertezas que somem de uma hora para outra. Tudo depende de como você encara as coisas. E ser instintivo é perigoso Buscar a felicidade de forma frenética e imperceptível para si é uma atitude traiçoeira e muitas vezes inevitável. Quase um vício. Quando você se dá conta a vida já embaralhou suas cartas de certezas e seu mundo virou de cabeça para baixo até que alguma outra felicidade te dê razão. Enquanto isso você fica sem saber jogar e conta com a sorte para, por ventura, vencer de vez em quando. Sempre erramos tentando fazer a coisa certa. Ouvir demais o coração é um grande erro. Já destruí muita coisa ouvindo o que ele tinha a dizer e deixei de fazer coisas que valeriam a pena pelo mesmo motivo.
Agora estou correndo. Acordo correndo e durmo correndo dentro de minha mente. Hoje faço coisas que nunca me imaginei capaz de fazer. Estou realizando sonhos. E tudo faz parte de um quebra-cabeças que vai se solucionando a cada dia, a cada decisão, e formando um desenho diferente a cada passo que dou. 

11 agosto 2012

Rascunho Definitivo por Algum Tempo

Sei lá... é bom estar com você. Tão bom que tenho medo. Fico desajeitada, envergonhada e com aquele sorriso bobo. Mas sei que ainda não posso, não estou pronta e talvez nem querendo algo assim. Porque o que tenho de você, você não pode ter de mim.
Daí esses conceitos e desejos tão controversos me deixam assim, me deixam deixar. Bobeira minha. Mas deixar rolar é o melhor caminho pra quem só quer viver. E estou vivendo com você. 
É que com tudo o que me aconteceu, fiquei ainda mais cautelosa com meu coração. Porque pra mim basta pouco. Quero me apaixonar pela vida, por mim e por mais ninguém. Eu já não acreditava muito nessa história de paixão, pois acho um grande devaneio achar que alguém pode te fazer feliz. Isso é passageiro demais, pode ser lindo até certo ponto, mas acaba sempre de forma dolorida. E a lógica que funciona é evitar qualquer dor. A gente vive dolorido por tantas coisas que nos acontecem sem ao menos escolhermos e permitirmos, ou seja, creio que "amar" é se permitir sofrer. E pode-se dizer que pra viver intensamente é preciso permitir a vida acontecer, mas nem tudo é tão necessário. Paixão é capricho da alma carente, de tempo vazio. Tem tanta coisa pra viver sozinho. E viver sozinho não significa solidão. Isso está bom demais pra eu mudar agora.

08 maio 2011

Confusão passageira

Se for para culpar alguém, culpe-me. Estou acostumada. Gostaria de fugir, de começar tudo de novo, de fingir que sou forte. Desculpe-me se estou cansada. Estou cansada de me desculpar. Não quero mais fazer promessa alguma, quero apenas cumprir as que fiz e me livrar deste peso todo. Não deveria duvidar, não deveria questionar e acabar confundindo tudo dentro de mim. Já não sei mais o que sou, se o que pareço ser diverge totalmente do meu verdadeiro eu, meu reflexo está distorcido. Vejo em tudo um paradoxo sem solução plausível. Entretanto reconheço que a opção e capacidade de mudar tudo isto cabe somente a mim. Devo simplesmente parar tudo e recomeçar. Fazer as coisas como nunca antes as fiz. Ver o mundo de um jeito diferente. Sei que já tentei fazer isto incontáveis vezes. Parece até hipocrisia dizer que tudo pode mudar. Mas eu não estou sozinha nessa.
  Nunca gostei da idéia de ser responsável pela felicidade alheia, mas agora entendo. Entendo pois fazer quem eu amo feliz é meu principal e imprescindível motivo de felicidade. Nada é a mesma coisa. Minha vida mudou demais e as vezes me assusto com isso. Porém tornou-se melhor. Para tanto, recebi reprovação de alguns. 
  
 Viver estes lindos e intensos momentos, é esplêndido. Sentir tudo o que tenho sentido, é inexplicável. Apesar de tanta confusão, devo admitir que nunca fui tão feliz. 

20 dezembro 2010

Cotidiano

Olho para você.
Você diz:
 - O que foi?
Eu digo:
 - Nada, eu gosto de te olhar.
Você sorri. Eu sorrio.

03 dezembro 2010

Há alguém

Dia após dia pergunto-me aonde isso vai parar. Gostaria de ser o suficiente, ao menos na maior parte do tempo. Meu mundo virou de cabeça para baixo, inexoravelmente. Mas há alguém. Alguém com quem muito me preocupo. E que a mim, muito preza. Ele faz o mundo parecer um lugar mais seguro e aprazível. Não me exaspero mais, pois sei que o tenho. Irremediavelmente o tenho. Em meio à todas essas consequências pesarosas, ele me faz acreditar que tudo pode ser diferente. Não somente me faz acreditar, como torna tudo diferente. Surpreendo-me ao perceber tamanha a ignorância do que quase fizemos há alguns dias. Como seria a vida sem nossos dias perfeitos? Ainda que inteiramente diferentes, os momentos que passamos juntos nos útimos tempos estão cada vez melhores. Quando o olho vejo o futuro, o nosso futuro. Ele me faz feliz.

27 novembro 2010

Tempo.

O tempo?
Cinco anos.
Cinco anos lutando contra o tempo, e então, finalmente conseguimos o enganar. O Vencer.
Nós fomos tão longe, porque desistir agora?
Nada mais importa.
Se uma vez conquistamos a perfeição, somos fortes o bastante para a recuperarmos.
Afinal, somos Deuses.
Os mais belos.
Eu prometi a você que estaria sempre contigo, e estarei.
Não te deixarei cair.
Renascer.
Viver.
Culpa?
A culpa é o mal.
Juntos será fácil a vencer.
Sei que não existirão mais erros.
Estarei ao seu lado, e nunca mais fracassaremos.
...
Quanto aos outros, eu apenas esqueço.
No entanto, vocês sabem, eu nunca resignei. Incorreto pedir, mas, desculpem-me.
...
Alterou toda uma eternidade?
Discordo. Temos muitas tardes e noites para passarmos juntos, e passaremos.
Seja em Paris, seja na Tesoros, ou no Rei do Mate.
Tanto faz.
Importante é que unidos somos imortais.
Heróis.
E, jogando fora as barreiras formais:
Minha Linda, Eu Amo você irremediavelmente, para sempre.

Por Geovane V. Rocco

Ainda hei

Até que ponto pode-se enganar o tempo? Até quando ele permite ser enganado? 
Que espécie de ser humano seria eu? Como classificaria alguém que não cumpre promessa alguma, que mente, que se contradiz a todo momento? O que mereceria? Tanta dúvida, tanta culpa, me deixou confusa e inconsciente. Acordei num hospital. Ainda hei de me espantar, a cada dia, com o que fiz. A cada amanhecer que poderia estar sendo tão diferente. Ainda hei de conhecer o limite da dor, que tem se afastado tanto dos meus ideais. Não há nada tão antagônico à felicidade quanto a culpa. Não há algo que me torture mais. Perecia estar tudo tão certo e perfeito, no entanto, de repente, destruí. Deixei de pensar por um instante e alterei toda uma eternidade. Reafirmei meu hábito de errar. Aumentei minha culpa. Tornei demasiadamente complexa uma ordem cronológica que costuma ser simples. Agora me dizem que devo envergonhar-me. Isso faz parte da recuperação, doutor?

17 outubro 2010

   Agradeça me amando. Há algum tempo atrás eu prometi que estaria sempre com você, e é isso o que faço agora. Em todos os meus momentos de aflição você estava de alguma forma comigo. A sua dor é minha dor.
   Às vezes tive medo de me iludir, de estar equivocada, acreditando em uma perfeição utópica. No entanto, não há como duvidar de tamanha felicidade, que resiste ainda nos piores momentos. Assim você parece tão perdido. Eu sou sua guia. Não te deixarei cair.

20 setembro 2010

Que seja eterno.

De repente encontrei a perfeição. Sem quaisquer definições esterotipadas, posso dizer que estou amando. Amando de uma forma segura, vívida, intensa. O destino sabe mesmo o que faz, o tempo sabe mesmo onde vai, o que leva. Mudamos e em um momento totalmente inesperado as coisas se encaixam e tudo parece fazer sentido. A cada detalhe, frase, palavra, gesto, descobre-se uma nova semelhança, um novo motivo para o amor aumentar e consolidar-se. O que outrora parecia utópico e raro, acontece: a felicidade se faz presente. É o ideal, o perfeito, a reciprocidade mais agradável possível. O melhor é não ter medo de sonhar, sonhar juntos, planejar, e acreditar que o "que seja eterno enquanto dure" perdurará a eternidade. Simplesmente é!

26 agosto 2010

É azul e frio

 Existe algo azul, frio e confortável. É como numa noite quente de verão, na qual você repousa sobre um travesseiro azul, gelado e macio. No momento em que deita-se, tudo se apaga, é como se aquele frescor te tomasse por inteiro, tomasse tua alma. Não se pensa em nada, a não ser naquele bem-estar profundo, suave. Esses dias me deitei nesse travesseiro, e o azul me tomou por inteiro. Apareceram borboletas brancas, o riso se tornou fácil e constante, os olhos brilhavam, as mãos tremiam, e o resto do mundo sumia, ficava apenas eu e o garoto azul. Diziamos palavras doces, sentiamos o frescor, o frescor azul. Acho que o amor tem cor, temperatura e textura, enfim, é azul, frio e macio. Eu disse a palavra amor?
Espero que o mundo continue colorido, ridiculamente colorido. Espero que as cores não hesitem a aparecer, se não, logo desisto.

27 junho 2010

Maldito tempo.

Essa doença silenciosa que me matou aos poucos é tão sagaz. A minha força que conseguiu quase fechar o ciclo ano passado, foi derrubada novamente por sua sagacidade. Perdida de novo, doente de novo, ferida de novo. Ela faz as energias se esgotarem a ponto de me impedir de se levantar, de comer, de olhar o azul do céu. Já não me prendo mais aos meus sonhos deslumbrantes, quimeras e ilusões maravilhosamente fantasiosas. Para realizá-los é mais que necessário se esforçar agora, percorrer a estrada hoje. Me pergunto como o farei estando tão cega, tão fraca. De repente está tudo destruído. Não é por falta de vontade, mas essa barreira é pesada demais para ultrapassar. Me assusto ao ver no que resultou essa confusão, me assusto mais ainda ao ver a repetição dessa tortura. Sem força pra nada, é assim que me sinto. Num poço escuro e frio, martilizando-me por ver que nada mudou. Essa incerteza acaba comigo. E ainda, à partir do passado momento em que a situação transpareceu e passou a ser notada, tenho de enfrentar todo o tipo de julgamento, por sorte sou dotada de uma sutileza significante. Maldito tempo.

19 junho 2010

Casa vazia


Seria essa casa vazia o meu desejo obscuro? Preparei-me para um tsunami com um guarda-chuva. De repente, toda a agonia cessa de uma forma estranha e quase abrupta, tudo pára. Talvez, a decisão tenha chegado demasiado tarde. Num dado momento vejo que o caminho não tem mais volta. Ando lutando para não me sentir culpada, no entanto, me mandaram remar até que o barco afundasse, agora estamos aqui, morrendo na praia. Não há sol, não há frio, calor, não há nenhuma estrada a vista, apenas pessoas doentes e perdidas. Cada qual se lembrando do rosto das outras e jurando nunca mais esquecer. Uma por uma indo sem dizer adeus, comportando-se como se tudo houvesse acabado ali. Acabou de começar um longo e penoso caminho a se percorrer, sem previsão alguma de chegada ou tempo, apenas uma névoa densa a cobrir tudo o que pudesse estar à vista. Em algum lugar no funda de cada alma doente há um fio de esperança, quase a se arrebentar, de que todos possam se unir novamente. Todos mudos e atônitos fazem uma caminhada abafada, escutando somente os próprios passos naquele lugar desconhecido, que a cada centímetro parecia mudar de cor, de forma, de cheiro, de direção. A vontade de voltar é imensa nessas horas. Enquanto estavam todos juntos, apesar do atrito e de toda a dor corrosiva, havia sempre um movimento a se copiar, a se basear. Já no peso do andar cansado, daquele breve inicio de caminhada, ofegavam e faziam perguntas em voz alta, sem poder responder. Perguntavam, em especial, de onde extrairiam as forças que até então estavam constantes e acomodadas dentro de si. Os pensamentos vinham rapidamente e em vertigem, causando uma confusão ainda maior. Em uma dessas vertigens, sempre aparecia algum de nós, aguardando por um abraço, e se apagando aos poucos.

02 maio 2010

    Tudo continua com uma semelhança monótona, irritante. Estou prestes a perder a vontade de me esforçar pra fazer algo de diferente. Quero sair comigo, quero comprar um livro, quero tomar um café e ler uma revista de arquitetura, só isso é o bastante. E no fim de semana, quero ir pra uma praia fria e nublada, sair de qualquer jeito pra comprar algum doce numa padaria e, quem sabe, conhecer alguém por lá. Estou farta de dar satisfações, agora vou fazer as coisas do meu jeito e presentearei os curiosos com o meu silêncio sorridente e misterioso de sempre. Descobri e reafirmei minha tese de independência própria, não preciso de ninguém pra ser feliz e me sentir satisfeita, não sou fraca o bastante pra pensar de outra forma. Continuo com muitas preocupações, mas não digo nada, pois nada que eu dissesse seria compreendido tão facilmente e me falta paciência para dar explicações. Esforço-me pra mim mesma, enquanto não veem, me torno ainda mais velha. Assim crio quilômetros de vantagem, uma diferença notável de sabedoria. Sinceramente não estou triste, muito pelo contrário, nunca estive tão feliz.
    É necessário desprender-se de lembranças insignificantes, ou melhor, torná-las insignificantes. É o que chamo de cortar o mal pela raíz. Tudo o que desejei ha um tempo atrás agora está se realizando. De uma forma surpreendente e tranquila, estou percebendo que continuo a mesma pessoa, todavia com uma maturidade perceptivelmente maior. Continuo a mesma.
    A vida tem me deixado relativamente satisfeita, nunca estou satisfeita, mas não a ponto de não ser feliz.