09 maio 2016

Fugindo da Rotina

Estou voltando. Voltando para mim mesmo. Voltando a saborear o que sempre gostei. O bom vinho e os sonhos lúcidos. Sempre com um pé no chão e outro quase no céu, sonhando alto e acordado. Sendo bombardeado pela rotina e consolado pela imaginação. 
A liberdade me seduz. A solidão pode ser o preço a ser pago pelo encontro de si mesmo. Esta sede incessante é ameaçadora. Será que algum dia estarei razoavelmente satisfeito? 
Minha loucura é sanada por pequenas rebeldias. Pelo sono atrasado, pela resistência ao relógio, pelo devaneio em meio à agenda. Pela vigília num domingo de madrugada, aonde ninguém me vê e posso divagar em paz. 

08 maio 2016

Rotina

A vida tem sido um incessante processo de descoberta. Nos últimos meses descobri o que não quero, mas ainda não sei o que quero. Eu queria poder pular o tempo, chegar na parte em que tudo deu certo e, principalmente, fez sentido. Sinto uma necessidade de viver minha vida, ter meu tempo, minhas escolhas e minha casa. Mas ao mesmo tempo a responsabilidade por tudo o que tenho aqui. Preciso escrever sobre isso. Preciso me encontrar, voltar a ser quem eu sou aqui dentro, deixar minha essência florescer. Esquecer meus medos, minhas limitações. Cansei, cansei da burocracia, dos papéis, do dinheiro,  da mesa, do computador, do café amargo da tarde atribulada, do relógio, do meu papel. Cansei das expectativas, do jeito que as coisas são. Das cordas que me amarram, das coisas. Eu queria pular de fase, ir para a minha viagem, pro ano que passarei sozinha, pra me encontrar de uma vez. Pra atravessar essa passagem. Queria estar lá, longe de tudo, das minhas coisas, do meu carro, do trabalho que tenho, dos meus papéis, Numa casa desconhecida, num quarto alugado, numa cidade grande e estranha, com gente que não conheço e que não me conhece, no metrô, indo pra uma aula que provavelmente não vou gostar mas em uma vida que vou gostar. Com um café quente na mão, com uma saudade apertada do que importa, das pessoas, do que elas são, não do que existe mas de quem existe, de quem faz parte do que eu sou. Hoje é domingo, agora é noite. Este é o pior dia, a pior hora da semana. A segunda-feira e todos os outros dias encarrilhados de responsabilidades e compromissos me assombram, sussurram ao meu ouvido. Me lembram de tudo o que não gosto, de tudo o que não quero mais ver. Me lembram de como eu não sei dizer não, de dizer que não gosto e que não quero. Eu não sei. Eu admito, tenho sido incapaz de muitas coisas. Não tenho energia para lidar com tudo, estou sempre cansada. Estou cansada hoje, agora, depois de descansar um dia inteiro. Eu sei que poderia olhar para o lado positivo de tudo, mas eu já fiz muito isso e estou cansada, de mentir pra mim. Prefiro, neste momento, dizer tudo o que não queria dizer, ser verdadeira comigo. Prefiro estar escrevendo, que a tempos não fazia, preferiria estar desenhando, cozinhando, colorindo, aprendendo, vendo o abstrato, um abstrato, algo belo. Humano. Traduzir a aflição em palavras já é algo, já alivia em um domingo a noite. Mas amanhã a rotina chega, real e fria. Vai valer a pena, tem valido, já valeu a pena envelhecer uns cinco anos dentro de um só. Mas já valeu, e valerá por mais alguns meses até que eu possa, além de me dizer a verdade, viver verdadeiramente o que eu sinto. 
Este texto sincero, sem imagem, sem história, sem graça, cheio de palavras desconexas e ideias confusas e cansativas, talvez exageradas, é apenas reflexo do que está aqui dentro.